quinta-feira, 28 de junho de 2012

O Rio do Mondego enquanto destino turístico :


"O Rio Mondego (Martins, 1940) ancora um número muito significativo de recursos que, quando 
perspetivados em conjunto com os territórios ribeirinhos na sua bacia hidrográfica, apresenta um
potencial de desenvolvimento local e regional de grande relevância. Às potencialidades hídricas, que
contribuem para a produção de energia, para planos de regadio agrícola, para abastecimento de água às
populações, é fundamental aliar a importância do rio no ordenamento territorial e na valorização do
lazer, da animação e, mesmo, do turismo.
O rio Mondego nasce na Serra da Estrela, a 1 525 m de altitude,  percorrendo 258 km até
desaguar no Oceano Atlântico junto à Figueira da Foz. A Bacia está inserida entre as bacias dos rios
Vouga e Douro a Este, a Norte, e entre as bacias dos rios Tejo e Lis, a Sul. A sua forma é retangular,
com eixo principal na direção Nordeste  – Sudoeste e a altitude média é da ordem de 375 m. As
características mediterrânicas do  clima  dão ao rio  um regime que pode ser  definido como semitorrencial com uma brutal variação de caudais  de ano para ano e intra-anual. Em  situação não
condicionada, a proporção entre os caudais mais reduzidos de Verão e os caudais mais volumosos do
Inverno no Rio Mondego, frente à cidade de Coimbra, pode atingir uma amplitude de 4000 (de 1 para
4000 m/s).
Em tempos idos, as cheias e inundações no sector terminal do rio (no Baixo Mondego), deramlhe a denominação de Basófias (fanfarrão) (hoje perenizados pelo nome dado a um barco de turismo
que navega no Mondego entre a Ponte-Açude e a Portela), condicionaram a vida na cidade de Coimbra
que passou a ter inscrita, na parte Baixa da cidade e no seu património monumental, a história das suas
transgressões, como aconteceu com o Mosteiro de Santa Clara a Velha, hoje um dos ex-libris turísticos
da cidade.
Os prejuízos enormes decorrentes das inundações, o assoreamento nos férteis terrenos agrícolas
do Baixo Mondego  e as queixas da população da cidade Baixa, centro comercial de referência,
obrigaram a medidas integradas de intervenção que culminaram com o “Plano Geral do Aproveitamento Hidráulico da Bacia do Mondego”. Terminado em 1985, este plano tem como obra 
fundamental a Barragem da Aguieira, cerca de 40 km a montante de Coimbra, a que se  juntam as
barragens da Raiva, Fronhas (Rio Alva) e Açude-Ponte de Coimbra.
Em termos turísticos, a marca Centro de Portugal, integradora da Bacia do Mondego, não tem
sido capaz de agregar em torno de si as potencialidades turísticas e de criar uma homogeneidade de
comunicação e imagem, num território que continua a precisar de valorizar a sua coesão. Começam a
surgir elementos importantes associados à água como sucede, por exemplo, com o Museu da Água de
Coimbra, a valorização da presença da barca serrana, a pista de remo do Centro de Alto Rendimento
de Montemor-o-Velho, a ciclovia de ligação entre Coimbra e a Figueira da foz (em execução), o
Museu do Sal da Morraceira, o Parque Verde do Mondego (obra Polis), os eventos ligados ao Arroz, à
Lampreia e ao Sável,  as praias fluviais de Ribamondego (Gouveia), Penacova, Palheiros/Zorro
(Coimbra) e Pé Rodrigo. A juntar a tudo isto estão as formas únicas e as paisagens naturais que são
também referência identidade, como sucede com a Livraria do Mondego. Temos a convicção de que é
possível organizar em torno do Mondego e na sua bacia hidrográfica as condições para um
posicionamento com a capacidade de expressar uma grande competitividade, ancorada numa forte
identidade, na singularidade dos produtos e na inovação da sua gestão, tanto a nível territorial como
sectorial. Isto porque,  se bem que os espaços associados aos ambientes aquáticos de água doce
apresentem, normalmente, os mesmos predicados e procurem desenvolver os mesmos produtos
turísticos, importa construir uma imagem diferenciadora, identitária e particular para a Bacia do
Mondego.

O posicionamento das marcas pelas Organizações de Gestão de Destinos (DMO’s) é muito
complexo e reveste-se de grande importância, segundo Pike (2004 e  2005) por  cinco motivos
fundamentais:  os destinos devem ser entendidos multidimensionalmente, embora a eficácia se deva
encontrar em mensagens sucintas centradas em uma ou poucas associações de marca; os interesses de
mercado dos principais  stakeholders são heterogéneos,  especialmente quando há uma grande
quantidade de pequenas e médias empresas (como no caso da Bacia do Mondego), daí a importância
de definir uma multiplicidade de mercados geográficos para atrair um maior número de segmentos de
clientela;  as tomadas de decisão políticas podem potenciar ou tornar significantes boas iniciativas,
sendo importante a existência de uma gestão envolvendo o público e o privado (parcerias); o equilíbrio
entre o consenso da comunidade e o branding é difícil e as OGD (DMO’S) não têm controlo direto
sobre a  quota-parte do envolvimento da comunidade na promessa criada pela marca associada ao
território, sendo fundamental que essa marca corresponda às experiências das populações locais;  a
fidelidade à marca é uma das pedras angulares do processo e é fundamental monitorizar e interagir
com os visitantes no presente e ficar em contacto com os visitantes anteriores, sendo fundamental
pensar num sistema que possa permitir essas monitorização e diagnóstico.

A discussão sobre a marca territorial da Região Centro está muito ligada aos polos de marca do
Turismo Centro de Portugal (a Entidade Regional de Turismo), que define os polos Castelo Branco e
Coimbra, associados à importância da centralidade urbana, marca pouco valorativa da diversidade
territorial e inexpressiva e circunscrita em termos espaciais, e os polos Ria de Aveiro e Viseu/Dão
Lafões, mais relacionados com a expressão territorial da marca que pretendem definir. Neste sentido,
no caso concreto de Coimbra, é pertinente pensar neste  território, em termos de marca, como uma
relação entre a importância da centralidade e o significado da presença de um elemento físico
marcante, abrangente e socioeconomicamente relevante. Assim, a marca Coimbra/Mondego revela-se
mais expressiva, mesmo perante a transversalidade do elemento físico que é o Rio Mondego,
agregador de outros polos, como é a Serra da Estrela.
É, contudo, importante referir que o Rio Mondego não tem sido tomado em consideração
enquanto marca territorial (como acontece com a Ria de Aveiro ou com o rio Dão na ERTC) sendo dada uma atenção menor à sua singularidade, à sua diversidade de recursos e territórios, ao seu papel 
de âncora de investimentos e eventos turísticos e de lazer, de geoturismo, de ecoturismo, de desportos
associados à água e de turismo aventura. Marcando a vida quotidiana de centenas de milhar de
pessoas, sendo responsável  por  paisagens naturais de grande beleza e originalidade e paisagens
culturais resultantes das sinergias promovidas pelo ser humano no espaço em que vive, produz e
consome (enquanto residente ou visitante), ao Rio Mondego e à rede fluvial que nele conflui é preciso
dar uma atenção redobrada e um protagonismo  ampliado. A sua importância no ordenamento
territorial e na valorização do lazer e da animação (desportiva, musical, social e eventos em geral) e
mesmo do turismo é inalienável.
Como afirmam Lootvoet & Roddier-Quefelec (2009) a água doce é um importante recurso
turístico capaz de influenciar decisivamente a qualidade de um destino. O turismo fluvial, que designa
todas as atividades ligadas à presença de água rios, canais, lagos, lagoas (práticas náuticas e
aquáticas), cresce em significado social e económico (Damien, 2001), especialmente quando a análise
passa por uma abordagem integrada e de cross-selling.
A água, especialmente aquela a que associamos limpidez e frescura (símbolo de pureza
espiritual e fonte de vida para várias religiões), é fundamental para a valorização dos serviços de lazer
e turismo em qualquer parte do mundo.

Os recursos hídricos são  um ingrediente vital da paisagem rural, seja  por prazer puramente
visual ou para o apoio direto de atividades recreativas (Glyptis, 1991: 8), mas conquistam, hoje, um
lugar especial também na organização, ordenamento e qualidade dos destinos urbanos, em Portugal.
Efetivamente, o percurso do Mondego é um manancial de experiências que podem ser
entendidas como recursos turísticos. Sabendo-se da importância em criar novos mercados, novos
produtos, novas experiências e participações para novos turistas  que procuram a diferença e a
identidade (segmentação, nichos e propostas alternativas), importa dar valor ao “novo turista”
(Krippendorf, 1986 e Poon, 1993 e 1994). Qual a tipologia de oferta para este novo turista?
Forçosamente, as temporalidades flexíveis, menores sazonalidades e preços competitivos a que temos
que agregar serviços identitários (não massificados), atribuindo especial atenção às necessidades dos
turistas consumidores, até porque estes são mais experientes, mais educados e formados, mais
flexíveis, com preocupações ambientais, olhando para a cultura do destino como fazendo parte da
experiência de férias (Martins, 2010, 50 e 51). A relação entre esta nova procura, orientadora de uma
nova oferta, encontra no território do Mondego uma grande relevância.
Martins (2011) faz referência a um conjunto de abordagens em que identifica o rio industrial, o
vitivinícola, o comercial, o intervencionado, a que associa atividades dominantes (os pastores, as
queijeiras e os operários das fábricas de lanifícios; os molinheiros e os vinhateiros; os barqueiros, os
construtores de barcos, as aguadeiras e as lavadeiras; os ferroviários, os construtores e os operários
fabris; as mondadeiras, os pescadores e os marnotos). Esta leitura evidencia uma multifuncionalidade
que transfigura um elemento físico da paisagem e o seu território de influência em destino turístico.

Assumindo uma relação supramunicipal e de interligação entre o litoral e o interior, entre a(s)
montanha(s) e o(s) vale(s), entre o urbano e o rural, conseguir recriar este rio, nascido Mondeguinho,
do granito, na berma da estrada que nos leva de Gouveia a Manteigas, ao longo de 227 Km até à
Figueira da Foz, onde estuariza, num destino (elemento fulcral de qualquer sistema turístico) coeso e
competitivo, será o resultado de um conjunto de processos que precisam da presença de elementos de
suporte como as acessibilidades, a hospitalidade, a vontade política, as infraestruturas e o investimento
(Ritchie & Crouch, 2003).
Com relevância geográfica, o destino envolve sempre uma interpretação bivalente: a dos
autóctones/locais, de proximidade, vivida com todos os sentidos, embora algo enredada em
insensibilidade resultante do contacto continuado; e a dos visitantes/turistas, a do simbólico relacionado com o visual, que hoje o novo turista procura em experiência e participação, associada à 
novidade e à diferenciação. Todavia, na base da caracterização de qualquer destino está, apenas, a
identificação de um território ou rosário de lugares onde um  visitante pernoita com o intuito de
apreciar algumas das propostas que os stakeholders promovem, sempre percebidas como experiências
gratificantes de lazer (Leiper, 1990). Ainda assim, esta interpretação não complicada de destino
turístico pode complexificar-se porque a organização dos destinos dificilmente evita uma leitura
sistémica dos elementos em presença (Mill & Morrison, 1985).

O Mondego (Bacia) apresenta características muito distintas ao longo de toda a sua extensão e
precisa de ser compreendido com as características de identidade, de diversificação e de sistema, atrás
referidas. Esta diversidade motiva, na valorização turística,  a identificação de áreas homogéneas,
dentro da heterogeneidade geral, através de cinco áreas distintas (que vão ao encontro às Unidades
Homogéneas de Planeamento abaixo referidas: a Bacia do Mondego (enquanto área de suporte
integrando o espaço em estudo e uma área que podemos considerar de envolvência); o alto Mondego
(associado às maiores altitudes e aos territórios das cabeceiras do rio no seu percurso através da Serra
da Estrela); o Mondego médio (coincidente com a Plataforma inclinada da Beira Alta); a região do
Baixo Mondego (quando o rio se espraia pelos campos em vale aberto); e o Estuário do Mondego
1
(na
sua foz, com a criação de ambientes de grande riqueza natural e com grande aproveitamento funcional
por parte do ser humano).

Esta realidade encontra-se expressa no Plano de Bacia Hidrográfica que identifica  quatro
Unidades Homogéneas de Planeamento (UHP - Baixo Mondego, Médio Mondego, Alto Mondego,
Mondego Montanhas) (PBHRM) baseadas em critérios associados à divisão administrativa, à análise
espacial comparativa relativamente a aspetos socioeconómicos e de ocupação do território,
acessibilidades, relevo, usos do solo, interioridade e proximidade ao litoral.
A riqueza patrimonial nas suas componentes cultural (material e imaterial) e natural, existente
nas 5 unidades acima definidas, é superlativa neste território/destino. O património paisagístico e o
resultante da atuação do ser humano sobre o espaço são elementos de atração e veículos de captação
de segmentos de mercado importantes para a atividade turística, em função das suas caraterísticas e
especificidades próprias, levando à identificação de lugares singulares, com grande potencial para a
prática turística na sua relação com os territórios fluviais.
Portanto, descobrir uma aldeia histórica, apreciar a paisagem de miradouros estratégicos, seguir
os caminhos dos  conventos e mosteiros, saborear o queijo da serra enquanto se ouve o relato da
história do seu fabrico, provar o vinho nas adegas e quintas das terras do Mondego e do Dão (o grande
afluente da margem esquerda), procurar a arqueologia pré-histórica, histórica ou industrial, utilizar a
doçaria como rosário de lugares de visitação, contemplar a monumentalidade, experienciar a
funcionalidade de antigos moinhos (no cimo das serras ou nas margens fluviais), apreciar o artesanato
de tantos artesãos, saborear a gastronomia (da serra aos vales, do litoral ao interior, do urbano ao
rural), olhar a flora e ver viver a fauna, são modo de participação que dão a este “destino” uma
qualidade superior, expressa na orografia e no clima, na cultura e na história, na diversidade de
atividades, nos eventos de todas as índoles e no entretenimento em geral, sempre com a marca
Mondego como pano de fundo.  O turismo de massas foi ultrapassado por uma nova revolução do
turismo, marcada pelo sentido de responsabilidade, da sofisticação e da crescente procura da natureza
e de culturas genuínas (Poon, 1993, citada por Moreira e Santos, 2010). Se esta perspetiva nos pode
levar a pensar em alguma elitização de consumo, na verdade, este novo turismo encontra também
modos de acesso a populações mais basistas. Um produto que  tem sido crescentemente valorizado pelo poder autárquico é o lazer balnear fluvial. As praias fluviais surgem hoje como uma alternativa ao 
turismo de sol e praia. Assim, o aproveitamento das potencialidades de áreas de banhos e recreio em
ambientes aquáticos não marítimos torna-se um modo de democratização, através das atividades de
lazer (Moreira & Santos, 2010).
Esta temática encontra eco na abordagem estratégica do PENT, assumida no Touring Cultural e
no Turismo Natureza, com certeza, mas também em todas as suas outras tipologias, que podemos
encontrar ao longo do curso e nos territórios do Mondego. Tal acontece também com a orientação que
foi dada pelo programa Polis que definiu uma linha de ordenamento para os rios, em Portugal.
Sabendo que o Tejo viu aprovado um Plano estratégico de intervenção de requalificação e valorização
pelo Desp 5185/2010, DR  2ªS, N.º 57, 23/03/2010, entendemos que importa ver no Mondego esse
planeamento, e entendê-lo como imprescindível para o ordenamento e aproveitamento turístico local e
regional. Assim, o recurso hídrico surge moldado pelas populações dos núcleos ribeirinhos,
importando construir uma paisagem natural e humana única e irrepetível, e constituí-la como elo de
ligação entre pessoas e culturas. “Assim, pensar num rio acessível a todos, navegável, eixo de vida, de
lazer e de turismo, torna-se essencial para dar a conhecer este valioso património” (Desp. 5185/2010,
DR 2ªS, N.º 57, 23/03/2010).
Importa pois definir eixos estratégicos de ação de um MONDEGO DESTINO VIVO. Isto é
possível através da valorização da navegabilidade, da identidade do património natural, da qualidade
de um rosário de lazeres, da boa gestão de espaços de convivialidade, da competitividade do
património cultural, da participação no saber-fazer associado ao rio (ecomuseologia e atividade
económica), da projeção de desenvolvimento regional e local e da visão de sustentabilidade ambiental.
Assumindo que a água é um atrator fundamental para muitos turistas, é normal que os espaços
aquáticos sejam identificados como principal motivação na escolha do destino, tornando os espelhos
de água e as águas bravas no brilho maior na joia da paisagem (Patmore, 1983: 205). Aliás, os lazeres
de beira-rio “ganharam novos contornos e expressão de desenvolvimento. Por um lado, porque os
lazeres são hoje um valor societal, para o que tem concorrido um vasto leque de fatores. Por outro,
porque os lazeres e o turismo de sol e mar, tendo-se massificado apelam à emergência de alternativas,
abrindo assim caminho para o desenvolvimento dos lazeres e turismos na beira-rio” (Cavaco e Simões,
1998: 200).

O interesse pelo desenvolvimento de atividades de lazer  outdoor em ambientes aquáticos
cresceu e diversificou-se. Efetivamente, “através da intervenção do poder local (concelhos e
freguesias), isoladamente ou em conjunto com investimentos privados, é possível valorizar as
potencialidades de lazer de espaços ribeirinhos que conjugam paisagens e ludismo aquático de modos
completamente diversos dos que temos à beira-mar [e como complementos destes]. A oferta é muito
diversa e a qualidade fica aquém da desejada. As bandeiras azuis são poucas, a qualidade dos serviços
não é a ideal, as acessibilidades são muitas vezes difíceis (embora este possa ser um elemento
qualificativo dos lugares de lazer aquático fluvial)” (Santos & Cunha, 2008, p. 213). Qualificar e
potenciar estes recursos é fundamental.
As frentes ribeirinhas captam investimentos e promovem desenvolvimento. Isto sucede porque,
para além do valor económico que envolvem são ainda capazes de assumir um grande valor imagético
e simbólico que se arroga como marca territorial, em similitude com os centros de convenções, hotéis,
espaços verdes de lazer, equipamentos culturais e de desporto, atribuindo ao território um valor
acrescido significativo. Dada a dimensão interconcelhia dos rios, estes projetos constituem-se como
estratégicos para o desenvolvimento regional (Simões e Vale, 2002).
Assumir aqui os propósitos do Programa Polis Rios parece-nos ajustado e central visto que
radicam neles os nossos objetivos que passam pela valorização do património natural e paisagístico do
Mondego; pelo aproveitamento das atividades económicas ambientalmente sustentáveis numa ótica de competitividade local e  regional; pela identificação do património ambiental e cultural ribeirinhos, 
enquanto elementos de qualificação e pela promoção de espaços destinados ao turismo e lazer; pela
qualificação dos núcleos urbanos ribeirinhos, enquanto âncoras de visitação ao destino Mondego.
De modo específico, nestes propósitos importa incluir as atividades de turismo aventura, lazer
ativo e desportos radicais. O rio Mondego e a sua bacia hidrográfica apresentam condições
extraordinárias para a realização deste tipo de atividades com grande concentração de praias fluviais,
como foi referido, mas também com lugares de prática de modalidades de desporto radical. Esta
procura surge como um tentativa de fuga  à sociedade programada que nos orienta no sentido da
uniformização dos consumos e dos usos, da funcionalização produtiva e da instrumentalização
generalizada, capaz do controlo mais invasivo (Santos, 2011). A legislação vigente torna possível não
só a qualificação como a certificação e, não menos importante, o conhecimento da oferta. O Turismo
de Portugal assume a responsabilidade pela organização do Registo Nacional do Turismo (RNT), que
conjuntamente com o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) efetua a
atribuição de licenças para atividades de turismo natureza.
Este turismo de risco/aventura, lazer ativo e desporto radical acontecem “em territórios que até
aqui não tinham tido qualquer utilização lúdica massificada. Estão, em parte, fora dos eixos
tradicionais de desenvolvimento e exploram o contacto direto com a Natureza” (Cunha & Cravidão,
2008: 133). O Rio Mondego é um palco privilegiado, tanto para este forte contacto com a Natureza,
como para funcionar como eixo de desenvolvimento e atração.
Tomando o lazer em sentido lato, cada vez mais atividade organizada e planeada, no sentido que
é referido por Stebbins (2006), importa entender os territórios do turismo do Rio Mondego como
espaços de vida, lugares de perceção e representação e espaço vividos, onde o simbolismo e a
morfologia espacial se combinam com a funcionalidade, dando expressão a modos vários de
desenvolvimento."


Norberto Pinto dos Santos








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